Diocese do Funchal - Ano Pastoral 2020 / 2021 - "A Eucaristia constrói-nos no caminho da Fé: Cristo Salva-te. Maria pôs-se a caminho ..."

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Homilia de D. António Carrilho, Bispo do Funchal, nas Ordenações Diaconais - Sé do Funchal, 18 de Dezembro de 2011

Atentos ao chamamento, generosos na resposta!

Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor” (Sl 88,2). É grande a nossa alegria e profunda a nossa acção de graças a Deus pela ordenação de quatro novos Diáconos, quatro jovens das nossas Paróquias (Calheta, Camacha, Jardim da Serra e S. Francisco Xavier), que após longa caminhada de formação, aqui se apresentam decididos a colocar, totalmente, as suas vidas ao serviço do Povo de Deus, na nossa Diocese.
Em festa estão estes jovens, ao verem alcançada e concretizada uma etapa importante da sua caminhada para o sacerdócio; em festa se encontram as suas famílias e as paróquias, que os acompanharam e apoiaram, bem como os Seminários e Equipas Formadoras que, aqui no Funchal e em Lisboa (Olivais), os ajudaram a crescer, a discernir e a optar pela vocação assumida. A todos eles agradecemos.
Em festa está, afinal, toda a Igreja e em particular a Diocese do Funchal, acolhendo o dom dos novos Diáconos como a melhor prenda de Natal deste ano duplamente jubilar, em que celebrámos os 50 anos das novas paróquias, instituídas em 1961, e iniciámos a caminhada preparatória das comemorações dos 500 anos da criação da Diocese (1514-2014).
O “Sim” de Maria
A liturgia de hoje, IV Domingo do Advento, a oito dias da grande solenidade do Natal do Senhor, põe em destaque as figuras do rei David e da Virgem Maria, associadas à revelação e realização do grande desígnio de amor de Deus pela Humanidade, o Seu projecto de Salvação de todos os povos, aquele “mistério” que, como escreve São Paulo no texto da segunda leitura, “estava encoberto desde os tempos eternos” (Rom 16, 26).
Na profecia de Natã, recordada na primeira leitura (2Sam 7,1-16), não será David a edificar um palácio para o Senhor habitar, substituindo a tenda da “arca de Deus”, mas o próprio Senhor lhe dará um descendente, no qual se consolidará a sua realeza: “A tua casa e o teu reino permanecerão diante de Mim eternamente, e o teu trono será firme para sempre” (vers. 16).
Deste modo se aponta para o Messias, que há-de nascer na linhagem de David, conforme nos é anunciado no belo texto de S. Lucas (1,26-38), há pouco proclamado como Evangelho, a grande Boa Nova para a Humanidade e para nós, hoje, aqui reunidos em Assembleia de Deus.
Maria, a Virgem de Nazaré, acolheu, com fé e generosidade, o convite que lhe foi dirigido da parte de Deus pelo Anjo Gabriel: “Eis a escrava do Senhor: faça-se em mim, segundo a tua palavra” (1,38). O anúncio era este: “Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus” (1,31). Ele será da descendência de David e terá um reinado sem fim; será chamado “Filho do Altíssimo” e “Filho de Deus”.
Realizam-se, assim, as promessas messiânicas, condensadas no mistério da Encarnação do Verbo de Deus. É o Seu Filho quem, assumindo a natureza humana, coloca a tenda de Deus no meio dos Homens. E à Igreja confia o grande projecto de tornar presente, no coração da Humanidade, o mistério da Salvação revelada. O “Sim” de Maria é exemplo, reclama e estimula novos “sins” a cada crente, segundo a sua própria vocação, para o serviço do Reino de Deus.
Anunciar o Evangelho hoje
Aqui se situa o “sim” de cada um dos novos candidatos a Diáconos e o apelo a todos os agentes da acção pastoral, para que saibam dar sempre o seu “sim” disponível e serviçal, como membros de uma “Igreja em Missão”, empenhados em edificar “comunidades cristãs vivas e apostólicas”, conforme nos propomos no plano pastoral das comemorações dos 500 anos da Diocese.
Em tempo de Advento e já tão perto do Natal, a Igreja não pode deixar de sentir mais viva a consciência da sua responsabilidade de anunciar o Evangelho aos homens e mulheres de hoje, com os seus anseios e dificuldades, dúvidas e problemas, alegrias e tristezas. Compete-lhe colocar Cristo no centro do mundo, deste mundo concreto em que vivemos, com as suas múltiplas e extraordinárias possibilidades técnicas e científicas, mas também com as suas limitações e perplexidades, quanto ao sentido da vida humana e a certos valores do humanismo cristão.
Anunciar o Evangelho é apresentar a própria pessoa de Cristo, como Alguém que aponta e abre caminhos de resposta às grandes aspirações e inquietações do coração humano, como Alguém que pode saciar a nossa fome e sede de felicidade.
No actual contexto de dificuldades e carências básicas, de preocupações e sofrimento para muita gente, celebrar o Advento e o Natal obriga a Igreja, obriga cada um de nós segundo a própria vocação, a intensificar uma acção de proximidade fraterna, que leve a luz da fé e a coragem da esperança, como testemunho de quem acredita em Jesus Salvador.
Aos novos Diáconos
Caros Amigos (Fábio Ferreira, Paulo Sérgio, Pedro Nóbrega e Rui Silva), que ides entrar na Ordem dos Diáconos, a vossa próxima condição implica novas responsabilidades, livremente assumidas, tanto em comportamentos de vida cristã pessoal como em compromissos de evangelização, de acordo com a graça e exigências do ministério diaconal.
Vede o exemplo que o Senhor nos deixou, para que, como Ele procedeu, assim procedais vós também. Como recorda o próprio Ritual, na vossa condição de Diáconos, ou seja, de ministros de Jesus Cristo que no meio dos discípulos Se apresentou como Servo, procurai de todo o coração fazer com amor a vontade de Deus, e servindo o Senhor, servi também, com alegria, aqueles que vos forem confiados. Sede homens de bom testemunho no Espírito Santo e cheios de sabedoria, para apontar os caminhos do Senhor. Enraizados e firmes na fé, mostrai em vossas obras a palavra de Deus que pregais com os lábios.
Sei que são essas as vossas disposições e tudo quereis fazer para viver em fidelidade. Contai sempre com a fidelidade de Deus, que não falta, e com a oração do Povo de Deus, que se interessa e empenha, cada vez mais, por todas as vocações de especial consagração e por todos os consagrados.
Apelo aos Jovens
Dirijo-me agora, a vós jovens da Diocese: neste tempo que é o nosso, em que muitas vezes se questionam as opções tomadas para toda a vida, não tenhais medo: abri os vossos corações e deixai-vos tocar pelo “sim” da jovem de Nazaré, Maria Mãe de Jesus. E hoje, também, pelo sim destes jovens que vão ser ordenados Diáconos. Podeis, nos vossos sonhos e esperanças procurar experiências de radicalidade, mas tende a certeza de que ser cristão é ser radical! Ser corajoso, é recusar deixar-se ir no dinamismo do efémero e embarcar na ousadia do eterno!
Construir a felicidade, hoje, é deixar os medos e escancarar o coração a Deus, feito Menino em Jesus, única esperança eficaz para o nosso mundo. Ele convida-nos a todos a construir um mundo novo, mas Ele pode chamar e chama alguns de vós, rapazes e raparigas, a segui-l’O numa entrega de especial consagração à vida sacerdotal, religiosa e missionária. Estai atentos e sede generosos na resposta!
À Senhora do Sim
Vamos prosseguir, passando ao rito das Ordenações.
A Maria-Mãe, Senhora do Advento e Senhora do “Sim”, suplicamos as maiores bênçãos para todos. Que a luz de Belém resplandeça entre nós, pois o Menino vem fazer festa connosco e dizer-nos que o Pai nos ama, pessoalmente, com amor eterno. Boas Festas! Jesus é a razão da nossa alegria e da nossa esperança!
Funchal, 18 de Dezembro de 2011
† António Carrilho, Bispo do Funchal

Rezar cantando

Alguma música

O tempo em Santana